quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Almirante Cook: O Homem do Leme

Almirante Cook: O Homem do Leme

O Homem do Leme

Não quero para mim a ilusão de estar vivo sem a dignidade da minha completa independência. Não quero para mim a condenatória prostração por culpa de uma vida arrastada para além dos meus limites no tempo e espaço. Quero subir a bordo do Galeão ainda na posse de todas as minhas faculdades e zarpar, sulcar os sete mares rumo ao encontro do Tigre da Malásia! E ainda antes de, com o Rei dos Mares, partir em busca da Pantera dos Sunderbounds, vou pegar no Astrolábio, nas Cartas Náuticas e no Compasso e traçar rumo à Ilha de Coral. Seguir para a Floresta do Amazonas à procura de um rapaz perdido. Encontrar o rastro de Pedro Pescador de Baleias e ouvir a História de um Marinheiro. Ir ao Mississipi, ao encontro de Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Resistir ao lado do Último Moicano. Viajar com Gulliver. Resgatar Robinson Crusoé. Desafiar moinhos e declamar para moleiras com D. Quixote de La Mancha. Pernoitar à fogueira com os Caçadores do Arcansas. Enfrentar Moby Dick, a grande baleia branca. Descobrir a Ilha do Tesouro. Passar uns tempos na floresta de Sherwood ás ordens de Robin Hood. Lutar ao lado dos Três Mosqueteiros contra o Cardeal Richelieu, ter a oportunidade de revê-los Vinte Anos Depois e emocionar-me com a história de Bragelonne, filho de D'Artagnan, o Visconde que morreu de amor. Conversar com Hornblower sobre A Fragata e a arte de bem marear e depois alterar o rumo para Norte 88 Este. Avançar a todo o pano no Rasto do Corsário e assistir ao seu trágico Fim. Embrenhar-me em Um Mundo Perdido para abraçar Orzowei. Ir com Marco Polo à descoberta da Ásia desconhecida. Sentir o prazer frio da vingança de Monte Cristo. Ajudar Ivanhoe a recuperar a sua dignidade e Ricardo Coração de Leão a reconquistar o trono de Inglaterra. E finalmente, após todas as incursões impossíveis pelos lugares mais inóspitos do imaginário, fundear ao largo da baía de Mompracem e aí permanecer, de mão dada com a minha alma gémea, pela eternidade infinita, troteando, "E mais que uma onda, mais que uma maré... Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé... Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade, Vai quem já nada teme, vai o homem do leme...".